quinta-feira, 5 de abril de 2018

Grito de Paz

Tenho sentido que me apaixonei demais pela primavera. O toque novo, de sensações que só ressurgem na época de florescimento.. Um florescimento específico. Aquele da primavera. Mas há tanto que nasce no outono! Assim como há tanto que morre na primavera... Ah!

O paradoxo da paixão (que tem me deixado atônita) é que ela deixa a percepção turva. Acabo não vivendo o outono por ter saudade da primavera. E que coisa, né? O outono tá aqui já. Não posso voltar pra primavera, no seu próprio tempo ela vai voltar. Será que eu me adapto? Será que consigo transformar a minha forma de sentir a nova estação?

Ah..


quarta-feira, 4 de abril de 2018

Lembranças: Saudade


Me sinto em vários pedacinhos. Não é como se fossem separáveis, mas sei que são diferentes. E não é como se eu pudesse ter só alguns ou só outros. São todos ao mesmo tempo, num tom usual que chamo de “eu”. Tem um pedaço que adoraria um vinho agora. Tem outro que não para de vibrar toda vez que me lembro da intenção de desenhar. E tem alguns que faltam.

Tenho lembranças das reações deles. Conheço os padrões. Mas minhas ideias são tão... Previsíveis! Queria ter a sensação espontânea que aquela parte me dá. A relação estreita com as situações reais; o toque, a fala, a simples troca de sorrisos. São pedacinhos que, se eu tento colocar outras coisas, não encaixa. É dissonante. Não consigo criar ou transformar eles com a onipotência que tenho em relação à tantos outros pedaços tão meus.

Mesmo não tendo nada pra preencher, o vazio não perde a expectativa. Eu sei que tem o encaixe perfeito: e eu sei que logo mais ele virá. Ele estará. Mas mesmo com essa certeza (as vezes um tanto quanto incerta), aquele desgosto, aquela melancolia... Não adianta. Não consigo fazer sumir. Não dá.